Existe uma coisa chamada “serviço ambiental”. Talvez algumas
pessoas ainda nunca tenham ouvido falar disso, mas é um termo relativamente
conhecido, traz a ideia de que o ambiente é importante. De forma simples, significa
“os benefícios da natureza para famílias, comunidades e economia” ou “processos
naturais através dos quais os ecossistemas suportam e possibilitam a vida
humana”. Alguns exemplos são a regulação do clima (temperaturas mundiais,
precipitação), controle biológico (por exemplo, regulando populações de pragas
de lavoura. Em alguns lugares se criam vespas em estufas, pra que elas
controlem as pestes que por ventura entrem) e controle de erosão do solo e
purificação da água.
Um desses serviços é o de polinização. Achei um artigo legal
sobre o assunto e vou usar informações dele daqui pra baixo (é o de 2010, na
bibliografia). Não fui eu quem saiu pesquisando várias fontes; estou apenas
pegando informações que acho interessantes.
Foi calculado que das estimadas 25.000 espécies de plantas
com flores do mundo, cerca de 90% é polinizada por animais, sendo a grande
maioria deles, insetos. E calculou-se (apesar de esses cálculos serem
complicados) que dos 33 trilhões de dólares anuais que o ambiente nos “gera”
por meio dos serviços ambientais, por volta de 112 bilhões vem da polinização.
Dentre os insetos, por sua vez, as abelhas provavelmente são os polinizadores
mais importantes. Por conta dos problemas atuais, por exemplo aquecimento
global e perda de habitats, algumas iniciativas foram criadas, como a “International Pollinator Initiative” (existe um “braço” dela no Brasil).
Um dos insetos mais conhecidos e mais usados para a
polinização é a abelha com ferrão (Apis mellifera).
Ela consegue aumentar a produção em 96% das espécies utilizadas na agricultura
que são polinizadas por animais (o nome “técnico” é zoofílicas). Além das
plantas cultivadas, obviamente, as Apis
são muito importantes para plantas “selvagens”, e para ambientes naturais, como
florestas. O declínio que as Apis vem
sofrendo em vários lugares, como EUA e Europa, gera uma grande preocupação a
respeito de quais efeitos esse declínio pode ter. E apesar de o declínio de
algumas espécies (como das abelhas com ferrão e as “mamangavas” do gênero Bombus)
ser documentado, para outras espécies de polinizadores, incluindo outras
abelhas, é escasso.
Além do problema que um declínio das populações de polinizadores
causará para as nossas lavouras, ainda há a importante questão das plantas não
cultivadas!!
Plantas “selvagens”:
Estou pegando emprestado o termo “selvagem” aqui. Estou
chamando de “selvagem” plantas não cultivadas. Pense em uma floresta, na
quantidade de plantas que tem ali, que produzem flores, e que não cultivamos em
nossas plantações. Pense em ambientes “naturais”, em florestas...
Um declínio nos polinizadores pode afetar comunidades naturais,
criando dificuldades para plantas polinizadas por animais. O que seria um “ciclo
vicioso”: Diminui a quantidade de polinizadores. Plantas que dependem deles
começam a se reproduzir menos e as populações delas começam a diminuir. Uma
menor quantidade de plantas que são polinizadas por animal, por sua vez, pode
fazer com que os polinizadores tenham menos alimento disponível e comecem a
declinar ainda mais. Isso seria um problema particularmente grande para as
plantas que tem o que chamamos de “polinização cruzada” (ou auto-incompatíveis).
Ou seja, plantas que necessariamente precisam de dois indivíduos para gerar
frutos e sementes. Pense em um maracujá. As populações dessas espécies geralmente
começam a declinar junto com as dos seus polinizadores.
Aproveitem e dêem uma olhada no site Sem Abelha Sem Alimento!
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Bibliografia:
- Costanza, R., d’Arge, R., de Groot, R., Farber, S., Grasso, M., Hannon, B., Limgurb, K.,
Naeem, S., O’Neill, V., Paruelo, J., Raskin, R.G., Sutton, P. & van Den
Belt, M. 1997. The value of the world’s ecosystem services and natural capital.
Nature 387: 253- 260.
- Potts,
S.G., Biesmeijer, J.C., Kremen, C., Neumann, P., Schweiger, O. & Kunin, W.E.
2010. Global pollinator declines: trends, impacts and drivers. Trends in
Ecology and Evolution 25(6): 345- 353.
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