quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Serviços ambientais: polinização

Existe uma coisa chamada “serviço ambiental”. Talvez algumas pessoas ainda nunca tenham ouvido falar disso, mas é um termo relativamente conhecido, traz a ideia de que o ambiente é importante. De forma simples, significa “os benefícios da natureza para famílias, comunidades e economia” ou “processos naturais através dos quais os ecossistemas suportam e possibilitam a vida humana”. Alguns exemplos são a regulação do clima (temperaturas mundiais, precipitação), controle biológico (por exemplo, regulando populações de pragas de lavoura. Em alguns lugares se criam vespas em estufas, pra que elas controlem as pestes que por ventura entrem) e controle de erosão do solo e purificação da água.
Um desses serviços é o de polinização. Achei um artigo legal sobre o assunto e vou usar informações dele daqui pra baixo (é o de 2010, na bibliografia). Não fui eu quem saiu pesquisando várias fontes; estou apenas pegando informações que acho interessantes.
Foi calculado que das estimadas 25.000 espécies de plantas com flores do mundo, cerca de 90% é polinizada por animais, sendo a grande maioria deles, insetos. E calculou-se (apesar de esses cálculos serem complicados) que dos 33 trilhões de dólares anuais que o ambiente nos “gera” por meio dos serviços ambientais, por volta de 112 bilhões vem da polinização. Dentre os insetos, por sua vez, as abelhas provavelmente são os polinizadores mais importantes. Por conta dos problemas atuais, por exemplo aquecimento global e perda de habitats, algumas iniciativas foram criadas, como a “International Pollinator Initiative” (existe um “braço” dela no Brasil).
Um dos insetos mais conhecidos e mais usados para a polinização é a abelha com ferrão (Apis mellifera). Ela consegue aumentar a produção em 96% das espécies utilizadas na agricultura que são polinizadas por animais (o nome “técnico” é zoofílicas). Além das plantas cultivadas, obviamente, as Apis são muito importantes para plantas “selvagens”, e para ambientes naturais, como florestas. O declínio que as Apis vem sofrendo em vários lugares, como EUA e Europa, gera uma grande preocupação a respeito de quais efeitos esse declínio pode ter. E apesar de o declínio de algumas espécies (como das abelhas com ferrão e as “mamangavas” do gênero Bombus) ser documentado, para outras espécies de polinizadores, incluindo outras abelhas, é escasso.
Além do problema que um declínio das populações de polinizadores causará para as nossas lavouras, ainda há a importante questão das plantas não cultivadas!!

Plantas “selvagens”:

Estou pegando emprestado o termo “selvagem” aqui. Estou chamando de “selvagem” plantas não cultivadas. Pense em uma floresta, na quantidade de plantas que tem ali, que produzem flores, e que não cultivamos em nossas plantações. Pense em ambientes “naturais”, em florestas...
Um declínio nos polinizadores pode afetar comunidades naturais, criando dificuldades para plantas polinizadas por animais. O que seria um “ciclo vicioso”: Diminui a quantidade de polinizadores. Plantas que dependem deles começam a se reproduzir menos e as populações delas começam a diminuir. Uma menor quantidade de plantas que são polinizadas por animal, por sua vez, pode fazer com que os polinizadores tenham menos alimento disponível e comecem a declinar ainda mais. Isso seria um problema particularmente grande para as plantas que tem o que chamamos de “polinização cruzada” (ou auto-incompatíveis). Ou seja, plantas que necessariamente precisam de dois indivíduos para gerar frutos e sementes. Pense em um maracujá. As populações dessas espécies geralmente começam a declinar junto com as dos seus polinizadores.

Aproveitem e dêem uma olhada no site Sem Abelha Sem Alimento!

Bibliografia:

- Costanza, R., d’Arge, R., de Groot, R., Farber, S., Grasso, M., Hannon, B., Limgurb, K., Naeem, S., O’Neill, V., Paruelo, J., Raskin, R.G., Sutton, P. & van Den Belt, M. 1997. The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature 387: 253- 260.

- Potts, S.G., Biesmeijer, J.C., Kremen, C., Neumann, P., Schweiger, O. & Kunin, W.E. 2010. Global pollinator declines: trends, impacts and drivers. Trends in Ecology and Evolution 25(6): 345- 353.

Nenhum comentário:

Postar um comentário