sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Um pouco sobre polinização e abelhas sem ferrão

As abelhas sem ferrão são excelentes polinizadoras. Na postagem anterior falei sobre polinização como um serviço ambiental. Não tem como falar extensivamente de tudo aqui. Até porque não sou nenhum especialista no assunto e os próprios especialistas ainda debatem algumas coisas, mas faço o que posso.
Agora quero falar um pouco das nossas abelhas sem ferrão.
Tem uns artigos legais que tratam do assunto. Porém, a maioria é focada em plantas cultivadas. Afinal, infelizmente o ser humano só age quando mexe no bolso... se queremos preservar algo, dificilmente vamos conseguir apelando pro bicho em si; o jeito mais garantido é usar coisas que podem gerar lucro (ou impedir que prejuízos aconteçam).
As abelhas sem ferrão tem algumas características interessantes para serem usadas como polinizadoras em colheitas. Por exemplo, 1) elas são muito abundantes na América do Sul, 2) formam colônias "perenes", ou seja, colônias que duram por muito tempo e geralmente não hibernam, ficando ativas o ano todo e consequentemente "funcionando" (como polinizadoras) também o ano todo, 3) um negócio chamado "polilectilia", que significa que as abelhas usam pólen de muitas espécies diferentes, 4) o fato de elas terem a chamada "constância floral", que é a tendência que as abelhas apresentam de em cada viagem recolherem pólen de apenas uma espécie vegetal. Isto é, ela sai uma vez e colhe só pólen em pitangueiras até encher a corbícula e volta pro ninho, descarrega a carga e sai outra vez. Nessa segunda viagem, se ela resolve visitar um assa peixe, ela vai colher preferencialmente pólen de outros assa-peixes nessa viagem. 5) A comunicação delas também ajuda.... e assim por diante. Essas são características compartilhadas com as abelhas com ferrão, mas elas ainda possuem outras, que as abelhas com ferrão não tem: 1) Não ferroam! 2) Se você multiplica abelhas sem ferrão por causa das plantações , está contribuindo com a fauna (e flora) brasileira, 3) abelhas sem ferrão não conseguem "fugir", como as Apis, já que as rainhas perdem a capacidade de voar.
Além de tudo o que foi falado, vale dizer que cerca de metade das plantas tropicais economicamente importantes, são de áreas em que as abelhas de ferrão não ocorrem naturalmente. Por exemplo, Austrália e os "neotrópicos" (basicamente, as Américas do Sul e Central). Metade dessas, por sua vez, provavelmente é polinizada por abelhas. Mas isso não é uma limitação para culturas exóticas. Essas abelhas conseguem "aprender" quais outras plantas são boas fornecedoras de alimento, como aconteceu com o eucalipto, que não é natural do Brasil, mas é extensamente visitado pelas abelhas sem ferrão.
Finalmente achei figuras legais pra colocar... então aí vai:

Culturas polinizadas por abelhas sem ferrão:

Bibliografia:

- Heard, T.A. 1999. The role of stingless bees in crop pollination. Annual Review of Entomology 44: 183- 206.
- Slaa, E.J., Sánchez-Chavez, L.A., Malagodi-Braga, K.S & Hofstede, F.E. 2006. Stingless bees in crop pollination: practice and perspectives. Apidologie 37: 293- 315.

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